terça-feira, 27 de novembro de 2012

Analisando composição de páginas - Batman, Cavaleiro das Trevas de Frank Miller








Essas são algumas das paginas presentes na obra The Dark Knight Returns de Frank Miller. Nas 2 primeiras, vemos Bruce sentado na cadeira, assistindo TV, quando ele tem um flashback da noite fatídica em que seus pais morreram. As páginas são praticamente monocromáticas em azul, uma cor fria, que representa a solidão, angustia, mas também leva a ponderação e a tranquilidade, e a cena é coberta com tons escuros. Somente alguns elementos possuem cor, o vinho, o cinema, que representa um momento alegre (até então pelo menos) e as balas. Elementos importantes da cena, que merecem destaque. Os quadros são simples, simétricos, todos do mesmo tamanho, dá uma ideia de continuidade, sequencia. É uma cena em que Bruce lembra de todos os detalhes, e por isso mostrada, aos detalhes, focando cada ato, a mão caindo lentamente, a bala sendo atirada, o gatilho sendo apertado, detalhes que ajudam a entrar na trama e a sentir a angustia de Bruce. Na HQ, Bruce há 10 anos aposentou o manto do Batman. Mas nesta cena, ele se lembra, que Batman é a real identidade, e Bruce é a máscara, não ao contrario. 


Agora estamos na próxima pagina, dando continuidade. Ela está dividida em 2 partes. A 1ª, vemos Bruce derrubando uma estátua, com uma espécie de janela no fundo, o que também representa uma área de alivio, inclusive pra nos leitores, que assim como o Bruce, queremos nos livrar um pouco desta angustia. O quadro não possui limitações, é um momento chave de toda a cena. O fundo é azul, mais puxado para o ciano agora, o que tranquiliza um pouco mas ainda é um momento angustiante, como se algo o incomodasse, Bruce foge. E começa um dialogo, entre as personalidades de Bruce e Batman, como se um lado falasse com o outro. A 2ª parte, Bruce está no banho, tentando se acalmar e retomar o folego, mas as cenas passam na cabeça. Os quadros que representam o presente, as cenas do banho, são puramente hachuras, quase não possuem limitações com linhas. E são preto e branco, o que torna o memento um pouco apático, mas ainda demonstra uma angustia, inclusive pelos gestos, como o ato de fechar os punhos. E somente nestes quadros, possuem falas. Os flashbacks entre as cenas do banho, nela os quadros são maiores, sem falas, o silencio diz tudo nestas horas. Em cores, focando os elementos responsáveis pela angustia e irritabilidade, mas, ainda sendo puxado para monocromia em azul. Assim, o menino Bruce, a bala e o colar de pérolas, ganham destaque, como um soco. E as falas nos quadros do banho, retomam nossa atenção ao presente, o que força ainda mais o fato de que os outros quadros são flashbacks.   
E as falas, possuem uma certa sonoridade:

O momento chegou
Em sua alma você sabe
Pois eu sou sua alma
Não há como escapar de mim

Você é frágil
Você é pequeno

Você é menos do que nada
Uma carcaça vazia
Um trapo, que não pode se esconder

Ardentemente eu queimo
e queimando eu brilho em chamas, belo e feroz

Você não pode me deter
Não com vinho
Nem com juramentos
Nem com o peso da idade

Você não tem como me deter
E mesmo assim
Ainda tenta
Ainda foge

Escrito por Felipe Utsch

Análise da série Arrow



O que falar sobre a série televisiva do Arqueiro Verde? Ou podemos chamar de Arrow Begins.
Usando da receita de bolo de Christopher Nolan com sua trilogia Batman, vemos um Arqueiro mais sombrio, mais dark e mais realista. Os próprios produtores já pronunciaram que a fómula do Batman funciona, então melhor ficar em terreno seguro, não é mesmo?
Ambos possuem muitas semelhanças, são ricos e vigilantes. A série ainda acrescenta coisas, aqui ele até some igual ao Batman quando você olha pro lado, e assim percebe que estava falando sozinho. E também o fato de utilizar a sede de Ciências Aplicadas para fornecer equipamento no combate ao crime. Mas o Arqueiro não tem aquele carrão maneiro. Um acréscimo bacana foi o Le Parkour, e o fato do Arqueiro agora dominar combate corpo a corpo, algo que nos quadrinhos demorou um bocado pra acontecer, mas convenhamos, é melhor assim, no entanto derrotar Constantine Drake com certa facilidade, é demais.
Pra quem conhece o personagem, pode sentir falta de seu humor sarcástico e reclamão, afinal, é ele que fica criticando tudo quando está participando da liga. Mas podemos pensar que criaram uma versão própria do  Arqueiro. Stephen Amell não tem o maior dos talentos, mas é carismático. Quando ele finge ser o playboy excêntrico, prefiro pensar que Oliver não é ator. A caracterização dos vilões ficou bacana, embora o exterminador (Slade) parece que usa uma máscara de papel marchê.
Aparece também a família de Oliver, em que a irmã usa drogas. O Arqueiro sempre foi um personagem atingido por questões sociais, teve um filho que mechia com drogas, uma filha prostituta que pegou AIDS, portanto a irmã, ainda fica no contexto.
Mas a série é boa. Não é magnifica, e não tem inovações, fica mais no feijão com arroz. 

Escrito por Felipe Utsch

Arquerio Verde

No último dia 22 desse mês estréio pelo canal pago Warner, o seriado chamado Arrow. O seriado é inspirado no herói conhecido como Arqueiro Verde. Para todos os viciados no heróis, e também para aqueles menos viciados; fizemos uma breve biografia dele, assim, podem comparar a história original com a adaptação para TV.
O herói da DC foi criado por Mort Weisinger e Greg Papp no ano de 1941 na revista More Fun Comics nº 73. Suas características foram inspiradas no Batman: um milionário, mentor de um jovem ajudante (Ricardito). Oliver Queen nasceu em berço de outro. Quando criança idolatrava o Robin Hood, e treinava bastante arco e flecha, até ficar traumatizado após, acidentalmente, matar um animal em um de seus treinos. Trauma esse que o impediu de atirar em leões que atacavam seus pais durante um safári. Após a morte dos pais, Oliver passou a ser criado pelo seu tio e herdou toda a fortuna e os negócios da família.

O jovem rico não tinha responsabilidades, pois, apesar de ser o dono de todo o império deixado pelos seus pais; nunca trabalhou. Em mais uma de suas irresponsabilidades, Oliver, bêbado, caiu de um iate e a maré o levou até uma ilha deserta próximo a Costa da Califórnia. Preso na ilha, ele não viu outra solução a não ser ter que trabalhar para sobreviver. Com um conjunto de flechas e de um arco, criados artesanalmente; ele conseguiu se alimentar durante três meses. Após um grupo de plantadores de maconha aparecer na ilha para realizar a colheita, Queen os roubo o barco e retornou para a costa. O seu retorno à alta sociedade se deu em um baile de máscaras, onde ele se fantasiou de Robin Hood. Durante a festa, ele percebeu que toda aquela futilidade, risos falsos e fofocas; não o apeteciam mais. E quando um ladrão entrou na festa e ele tomou conta da situação somente com suas flechas falsas e habilidades adquiridas na ilha; o playboy se sentiu bem com isso, principalmente quando ele viu as noticias no dia seguinte: “Uma arqueiro verde grandalhão que me impediu!” – disse o ladrão.
Logo assim que entrou para o mundo dos super heróis, o Arqueiro recrutou um ajudante, Ricardito – Roy Harper (atualmente conhecido como Arsenal). Ele também fez parte da Liga da Justiça da América. Dando mais interesse ao mundo dos super do que no mundo dos negócios, Oliver se viu acusado injustamente por um empresário, e mesmo inocentado das acusações, a sua imagem já estava manchada e isso o levou a falência. Esse fato o fez dedicar totalmente a lutar pelos fracos e oprimindo. Foi neste momento que ele se aliou a Hal Jordan – Lanterna Verde. Na Liga da Justiça ele conheceu a bela Canário Negro – Dinah Drake, e os dois começaram um relacionamento. O casal mudou para Seattle, onde Oliver decidiu usar somente flechas reais e fez a proposta de casamento para Dinah, porém ela não aceitou por achar o mundo muito perigoso para constituir uma família.


A queda do Arqueiro Verde começou quando um grupo de traficantes consegue sequestrar Dinah, sendo brutalmente torturada. O seu namorado chegou bem a tempo, pois os sequestradores estavam planejando estuprá-la. A heroína teve ferimentos sérios o que ocasionou a perca de seu grito supersônico. Vendo a sua amada passando por serias dificuldades, Oliver não conseguia se concentrar direito em suas ações. Devido a isso ele foi ferido em uma batalha e enquanto estava ferido no hospital, uma assassina que ele já havia enfrentado antes; invadiu o hospital e o estuprou. Ao saber desse filho, Dinah afastou-se do herói aos poucos até a separação.
Ao tentar deter um grupo paramilitar, Oliver morreu em uma explosão de um avião sobre a cidade de Metrópolis. O seu filho assumiu o arco e a identidade de Arqueiro Verde. Hal Jordan, durante o seu tempo como Espectro; não aceitou a morte de seu amigo, e com os seus poderes quase divinos, o trouxe de volta a vida. Mas, o homem que havia voltado era uma casca vazia, sem alma e com lembranças copiadas de seus primeiros dias. A sua alma só se uniu ao seu corpo quando ele precisou derrotar um poderoso feiticeiro. A partir destes eventos, Hal Jordan e Oliver decidem formar a própria Liga da Justiça, que dura somente até o Arqueiro matar um vilão chamado Prometheus que havia explodido sua cidade natal, em uma tentativa de acabar com o super herói emocionalmente. Isso resultou em seu exílio da cidade e em sua queda.

Escrito por Gabriel Albuquerque

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Entrevista com Elias Martins



Elias Paulo Martins, tem 34 anos e trabalha como desenhista de Quadrinhos para o mercado Norte Americano há 5 anos.
Entre as editoras que já trabalhou do EUA; Começou com Arcana Press há 5 anos e depois veio Jester Press, Red Barn, Grayhaven Comics, Zenescope e mais alguns escritores independentes;





        
Como foi sua trajetória profissional? Quais foram os obstáculos encontrados?
Quando eu era criança já desenhava e lia muito quadrinhos, mas na adolescência comecei a correr atrás para tentar ganhar algum dinheiro com arte. Meus primeiros trabalhos foram fazendo retratos de amigos. Logo começaram aparecer alguns pequenos trabalhos para jornais locais, depois comecei a pintar telas. Devo ter pintado umas 200 telas que foram até para clientes de outros países. Já fiz alguns pequenos trabalhos na área de escultura para uma empresa de moldes para fábrica de brinquedos. Mas o que eu realmente queria era trabalhar com historias em quadrinhos. Eu Acho que você tem que ir trabalhando naquilo que o destino coloca no teu caminho até conseguir chegar ao tão sonhado objetivo. Então quando consegui meu primeiro trabalho com quadrinhos pra uma editora americana, já tinha 7 anos que estava trabalhando no meio e fazendo testes; estava casado e minha filha Beatriz já havia nascida.





       
Você, hoje, se sente realizado profissionalmente?

Ainda há muito a aprender. Mas mediante tudo que já passei e de todos os “nãos” que recebi na vida creio que Deus já foi muito generoso comigo;   


      Existe alguma personagem, com a qual gostaria de trabalhar?

Wolverine!

      Quais suas principais influências?

Há diversas. Quando comecei era um grande fã do David Finch; No Começo, houve uma grande influencia desse artista nos meus trabalhos. Mas com o tempo percebi que aquele estilo, apesar de me trazer bastante comentários positivos para o meu trabalho, não era o estilo que eu deveria seguir. Então comecei a correr atrás de outros estilos e isso me fez cometer muitos erros ao tentar pular de um estilo para outro e tentar sempre buscar um caminho de melhorias. Nem sempre o estilo do artista que você admira poderá ser o que funcionará para você. Hoje tenho consciência de que por mais que o cliente receba meu trabalho como satisfatório, há sempre o que ser melhorado. Atualmente tenho acompanhado os trabalhos mais realísticos de Leinil Francis Yu, Brian Hitch, Tony Daniels entre outros. Mas admiro muito e sempre a arte de Jim Lee, Katsuhiro Otomo, Gary Frank além dos brasileiros, Mike Deodato, Adriana Melo, Ivan Reis e muitos outros.    

      O que você gosta de ler? E acompanha alguma personagem?

Um dos últimos que tava acompanhando era The Walking Dead; mas dou mais preferência para series fechadas, encadernados;

     Quadrinhos já foram visto como literatura infantil, e o trabalho de desenhista ou quadrinista, já foi vítima de preconceito, falando que quem atuava nesta área eram “sem ter o que fazer”. Visto isto, como você acha que anda a situação atualmente?

Antigamente comentava para as pessoas o que eu fazia da vida, mas parei com isso. Uma vez um conhecido meu foi na minha casa. Eu ainda não havia conseguido qualquer trabalho pra uma editora americana e esse amigo sempre foi muito sincero. Quando lhe mostrei os desenhos, ele gostou, mas me disse que era pra eu deixar daquilo, que nunca eu iria trabalhar com aquele tipo de negocio. Então, pra quem não conhece o ramo é uma grande perda de tempo falar sobre quadrinhos. A área das HQs é muito ampla e sempre terá espaço aberto para qualquer grande idéia;

      Você sempre teve apoio da família e amigos?

Minha família sempre me apoiou, mas não era um apoio de engajamento, entende?
Quando você tem um sonho tem que correr atrás. O problema é que o trabalho nos quadrinhos é algo realmente imprevisível. Não há como você traçar metas de como e quando as coisas vão realmente começar a se encaixar. Dessa forma, por mais que as pessoas a sua volta gostem do seu trabalho, acreditar que você realmente vai um dia viver daquilo é outra historia;

      Como você vê o mercado de quadrinhos e ilustração nacional atualmente?

Não é nada fácil. Mauricio de Souza, que tive o prazer de conhecer pessoalmente, é uma referencia no mercado. Gosto dos trabalhos de Gabriel BÁ E Fabio moon; Rafael Grampá também; Existe espaço sempre para um bom trabalho. Mas tem que ser um trabalho original, algo novo e muito bem produzido para dar certo. 



    O que você acha desta onda referente ao Mangá? Qual a repercussão que pode ter em nosso mercado?

É mais um estilo que faz a cabeça de muitos leitores. Confesso que li muito pouco mangá, pois sou muito mais o estilo americano. Mas tenho amigos que desenham no estilo manga; Um mangá que realmente achei excelente foi AKIRA de Katsuhiro Otomo; Uma obra prima em diversos aspectos. 

      A internet teve alguma influência em seu trabalho?

Com certeza; no ano 2000 eu e um amigo resolvemos correr atrás para lançarmos uma Webcomic. Passamos um bom tempo trabalhando nesse projeto. Depois de lançarmos pude receber muitas criticas sobre meus desenhos. Então comecei a estudar os quadrinhos. E 2007 consegui meu primeiro trabalho para editoras americanas;

             Alguma dica aos desenhistas iniciantes?

Desenhar quadrinhos é o sonho de muitos ao redor do mundo. Conseguir viver de quadrinhos é algo que só se consegue com muita fé e determinação. Não basta só desenhar todos os dias, tem que estudar sempre. Estudar de tudo, todos os estilos, ler muitos livros sobre o assunto. Procurar entender como esse ou aquele artista conseguiu se tornar um profissional. Ser humilde, aceitar as criticas, se tiver condições de fazer um curso, faça. Pois um artista precisa estar sempre atento a tudo. Observar, treinar. Tire da cabeça que todo desenho tem que ficar finalizado. Esboçar é muito bom. Pegue folhas, comece a esboçar sem se preocupar o que vai sair. Treinar partes do corpo humano é muito importante. Desenhe sempre coisas que você nunca desenhou. Procure desenhar objetos, animais, veículos,  etc; É isso aí!