Elias Paulo Martins, tem 34 anos
e trabalha como desenhista de Quadrinhos para o mercado Norte Americano há 5
anos.
Entre as editoras que já trabalhou
do EUA; Começou com Arcana Press há 5 anos e depois veio Jester Press, Red
Barn, Grayhaven Comics, Zenescope e mais alguns escritores independentes;
Como foi sua trajetória profissional? Quais foram os obstáculos encontrados?
Quando eu era criança já desenhava e lia muito quadrinhos,
mas na adolescência comecei a correr atrás para tentar ganhar algum dinheiro
com arte. Meus primeiros trabalhos foram fazendo retratos de amigos. Logo
começaram aparecer alguns pequenos trabalhos para jornais locais, depois
comecei a pintar telas. Devo ter pintado umas 200 telas que foram até para
clientes de outros países. Já fiz alguns pequenos trabalhos na área de
escultura para uma empresa de moldes para fábrica de brinquedos. Mas o que eu
realmente queria era trabalhar com historias em quadrinhos. Eu Acho que você
tem que ir trabalhando naquilo que o destino coloca no teu caminho até
conseguir chegar ao tão sonhado objetivo. Então quando consegui meu primeiro trabalho
com quadrinhos pra uma editora americana, já tinha 7 anos que estava
trabalhando no meio e fazendo testes; estava casado e minha filha Beatriz já
havia nascida.
Você, hoje, se sente realizado profissionalmente?
Ainda há muito a aprender. Mas mediante tudo que já passei
e de todos os “nãos” que recebi na vida creio que Deus já foi muito generoso
comigo;
Existe
alguma personagem, com a qual gostaria de trabalhar?
Wolverine!
Quais
suas principais influências?
Há diversas. Quando comecei era um grande fã do David Finch;
No Começo, houve uma grande influencia desse artista nos meus trabalhos. Mas
com o tempo percebi que aquele estilo, apesar de me trazer bastante comentários
positivos para o meu trabalho, não era o estilo que eu deveria seguir. Então
comecei a correr atrás de outros estilos e isso me fez cometer muitos erros ao
tentar pular de um estilo para outro e tentar sempre buscar um caminho de
melhorias. Nem sempre o estilo do artista que você admira poderá ser o que
funcionará para você. Hoje tenho consciência de que por mais que o cliente
receba meu trabalho como satisfatório, há sempre o que ser melhorado.
Atualmente tenho acompanhado os trabalhos mais realísticos de Leinil Francis
Yu, Brian Hitch, Tony Daniels entre outros. Mas admiro muito e sempre a arte de
Jim Lee, Katsuhiro Otomo, Gary Frank além dos brasileiros, Mike Deodato,
Adriana Melo, Ivan Reis e muitos outros.
O que
você gosta de ler? E acompanha alguma personagem?
Um dos últimos que tava acompanhando era The Walking Dead; mas
dou mais preferência para series fechadas, encadernados;
Quadrinhos
já foram visto como literatura infantil, e o trabalho de desenhista ou
quadrinista, já foi vítima de preconceito, falando que quem atuava nesta área
eram “sem ter o que fazer”. Visto isto, como você acha que anda a situação
atualmente?
Antigamente comentava para as pessoas o que eu fazia da
vida, mas parei com isso. Uma vez um conhecido meu foi na minha casa. Eu ainda
não havia conseguido qualquer trabalho pra uma editora americana e esse amigo
sempre foi muito sincero. Quando lhe mostrei os desenhos, ele gostou, mas me
disse que era pra eu deixar daquilo, que nunca eu iria trabalhar com aquele
tipo de negocio. Então, pra quem não conhece o ramo é uma grande perda de tempo
falar sobre quadrinhos. A área das HQs é muito ampla e sempre terá espaço
aberto para qualquer grande idéia;
Você
sempre teve apoio da família e amigos?
Minha família sempre me apoiou, mas não era um apoio de
engajamento, entende?
Quando você tem um sonho tem que correr atrás. O problema é
que o trabalho nos quadrinhos é algo realmente imprevisível. Não há como você
traçar metas de como e quando as coisas vão realmente começar a se encaixar.
Dessa forma, por mais que as pessoas a sua volta gostem do seu trabalho,
acreditar que você realmente vai um dia viver daquilo é outra historia;
Como você
vê o mercado de quadrinhos e ilustração nacional atualmente?
Não é nada fácil. Mauricio de Souza, que tive o prazer de
conhecer pessoalmente, é uma referencia no mercado. Gosto dos trabalhos de
Gabriel BÁ E Fabio moon; Rafael Grampá também; Existe espaço sempre para um bom
trabalho. Mas tem que ser um trabalho original, algo novo e muito bem produzido
para dar certo.
O que você acha desta onda referente ao Mangá?
Qual a repercussão que pode ter em nosso mercado?
É mais um estilo que faz a cabeça de muitos leitores.
Confesso que li muito pouco mangá, pois sou muito mais o estilo americano. Mas
tenho amigos que desenham no estilo manga; Um mangá que realmente achei
excelente foi AKIRA de Katsuhiro Otomo; Uma obra prima em diversos
aspectos.
A
internet teve alguma influência em seu trabalho?
Com certeza; no ano 2000 eu e um amigo resolvemos correr
atrás para lançarmos uma Webcomic. Passamos um bom tempo trabalhando nesse
projeto. Depois de lançarmos pude receber muitas criticas sobre meus desenhos.
Então comecei a estudar os quadrinhos. E 2007 consegui meu primeiro trabalho
para editoras americanas;
Alguma
dica aos desenhistas iniciantes?
Desenhar quadrinhos é o sonho de muitos ao redor do mundo.
Conseguir viver de quadrinhos é algo que só se consegue com muita fé e
determinação. Não basta só desenhar todos os dias, tem que estudar sempre.
Estudar de tudo, todos os estilos, ler muitos livros sobre o assunto. Procurar
entender como esse ou aquele artista conseguiu se tornar um profissional. Ser
humilde, aceitar as criticas, se tiver condições de fazer um curso, faça. Pois
um artista precisa estar sempre atento a tudo. Observar, treinar. Tire da
cabeça que todo desenho tem que ficar finalizado. Esboçar é muito bom. Pegue
folhas, comece a esboçar sem se preocupar o que vai sair. Treinar partes do
corpo humano é muito importante. Desenhe sempre coisas que você nunca desenhou.
Procure desenhar objetos, animais, veículos,
etc; É isso aí!
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