terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Comparação Batman Cavaleiro das Trevas Returns de Frank Miller desenho/HQ




Batman, O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller, no original, The Dark Knight Returns, é uma Graphic Novel publicada pela editora norte-americana DC Comics em 1986.
Na história, se passaram 10 anos desde a aposentadoria do Batman. Os heróis no mundo estão extintos por lei e Superman, o último em atividade, é um agente secreto americano, uma super-arma usada em casos de guerra ou crise internacionais. A criminalidade de Gotham vem aumentando graças à gangue dos mutantes, liderada pelo Lider Mutante. Bruce acaba tendo umas “sensações nostálgicas” que o acabam fazendo com que retorne com o manto do morcego. Então acaba tendo de confrontar o Lider Mutante além de velhos inimigos como Duas-caras e Coringa, e amigos como o Superman.

Agora, no final de 2012 sai a 1ª parte da adaptação para desenho, e em 2013 saiu a 2ª parte desta animação.
A DC vem fazendo grandes animações, e pegou uma ideia (muito boa por sinal) vindo dos mangas/animes, que é a adaptação de obras já consagradas. Mas a transposição de uma obra, de uma mídia para outra pode ser complicada. Muitos reclamaram da narrativa em off na animação de Batman ano 1, que acabava deixando a narrativa estranha e pouco fluida. Afinal, tem certos elementos que podem funcionar nos quadrinhos mas podem não funcionar direito nas telonas.  Mas te dizer que a narrativa em off fez falta viu. Os diálogos entre o Bruce e o Batman podiam deixar, no entanto durante os confrontos, realmente complica. Mas fizeram com que alguns dos diálogos mais fortes das HQs fossem parar na animação de forma a comentários dos personagens.
Ex (spoiler): durante o confronto entre Batman e o Lider mutante, quando o Batman da um golpe que gera um corte acima do olho, Batman solta em off  “um corte certo na altura dos olhos, um corte que sangra”, enquanto na animação o Lider pergunta que golpe era aquele e Batman solta esta frase como uma explicação
(fim do spoiler)

Talvez possamos voltar ao “o que funciona em uma mídia pode não necessariamente funcionar em outra”, mas vi um fã vídeo baseado na obra de Frank Miller utilizando da narrativa em off, que ficou muito bom.
Isso fez com que alguns dos momentos mais icônicos da HQ, ficasse de fora, inclusive se tratando em explorar a dualidade de personalidade entre Batman e Bruce (como principalmente o momento em que bruce começa a ficar perturbado em frente à TV e tem o dialogo entre as duas psiques, um dos melhores momentos da HQ, mas perde muito da dramaticidade na transposição).
Mas a ordem dos acontecimentos é exatamente a mesma da HQ. Só tendo acréscimos nas cenas de lutas, o que pode parecer bom, no entanto, na HQ, Batman era preciso nos golpes, enquanto na animação, aquele tanto de tiros que parecem que estavam errando propositalmente tira um pouco deste aspecto preciso do Batman. No entanto certos confrontos, como contra o Lider Mutante, contra o Superman ou mesmo contra o Bruno (ou “a” Bruno), não só foram bem vindos como ficaram muito bom.
A animação em si ficou boa, traços limpos, aspecto do qual só deu falta mesmo se tratando de Gotham, que podia ser mais gótica, no entanto o visual dos personagens ficaram idênticos, a violência, o visual punk entre outros, foram mantidos. A animação lembra um pouco animações dos anos 80, pela simplicidade dos planos de fundo. 

A animação é boa, mas ainda é só uma sombra do material original que, inclusive, está no que se pode referir como “as HQs que são a Bíblia do Batman”, e com tamanha importância ao mercado de quadrinhos mundial assim como Watchmen de Alan Moore.
Não posso deixar de citar também, uma outra obra que fez muita referência a obra de Frank Miller, Batman Cavaleiro das Trevas Ressurge. Desde os 8 anos que Bruce ficou fora da ativa como o aprofundamento do que leva Bruce a ser o Batman. E também frases retiradas diretamente da HQ de Frank Miller: “Garoto, prepare-se pois você vai ver um espetáculo esta noite”, que inclusive esteve na animação, mas devo acrescentar que o filme conseguiu colocar em um contexto não igual, mas sim semelhante, que pôde causar muito mais impacto do que a animação. Impacto que relembra a sensação causada na HQ. Isso me leva a refletir sobre o que Alan Moore dizia: “Ainda que o filme resultante fosse bom, ele deixaria muito a desejar ao original e, se não for para apresentar nada de novo, se não for para contribuir de alguma forma e, pior, se o resultado for denegrir a obra original, então para que fazê-lo? Apenas pelo dinheiro? Ora, há muitas formas de ganhar dinheiro, certo? Então um filme deveria trazer algo mais a uma mitologia já estabelecida, ele deveria jogar no mesmo time e ser um contribuidor, como foi o caso dos filmes de Nolan, o Superman de Donner, os X-Men de Synger ou o Homem de Ferro de Favreau. Em todos esses casos, há uma enorme contribuição para os personagens como um todo, e não uma mera transposição para as telas, visando cifrões.” 


escrito por Felipe Utsch

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