Batman, O Cavaleiro das
Trevas de Frank Miller, no original, The Dark Knight Returns, é uma Graphic
Novel publicada pela editora norte-americana DC Comics
em 1986.
Na história, se
passaram 10 anos desde a aposentadoria do Batman. Os heróis no mundo estão
extintos por lei e Superman, o último em atividade, é um agente secreto americano, uma super-arma usada
em casos de guerra ou crise internacionais. A criminalidade de Gotham vem
aumentando graças à gangue dos mutantes, liderada pelo Lider Mutante. Bruce
acaba tendo umas “sensações nostálgicas” que o acabam fazendo com que retorne
com o manto do morcego. Então acaba tendo de confrontar o Lider Mutante além de
velhos inimigos como Duas-caras e Coringa, e amigos como o Superman.
Agora, no final de 2012
sai a 1ª parte da adaptação para desenho, e em 2013 saiu a 2ª parte desta
animação.
A DC vem fazendo
grandes animações, e pegou uma ideia (muito boa por sinal) vindo dos
mangas/animes, que é a adaptação de obras já consagradas. Mas a transposição de
uma obra, de uma mídia para outra pode ser complicada. Muitos reclamaram da
narrativa em off na animação de Batman ano 1, que acabava deixando a narrativa
estranha e pouco fluida. Afinal, tem certos elementos que podem funcionar nos
quadrinhos mas podem não funcionar direito nas telonas. Mas te dizer que a narrativa em off fez falta
viu. Os diálogos entre o Bruce e o Batman podiam deixar, no entanto
durante os confrontos, realmente complica. Mas fizeram com que alguns dos diálogos
mais fortes das HQs fossem parar na animação de forma a comentários dos
personagens.
Ex (spoiler): durante o
confronto entre Batman e o Lider mutante, quando o Batman da um golpe que gera um
corte acima do olho, Batman solta em off “um corte certo na altura dos olhos, um corte
que sangra”, enquanto na animação o Lider pergunta que golpe era aquele e
Batman solta esta frase como uma explicação
(fim do spoiler)
Talvez possamos voltar
ao “o que funciona em uma mídia pode não necessariamente funcionar em outra”,
mas vi um fã vídeo baseado na obra de Frank Miller
utilizando da narrativa em off, que ficou muito bom.
Isso fez com que alguns
dos momentos mais icônicos da HQ, ficasse de fora, inclusive se tratando em
explorar a dualidade de personalidade entre Batman e Bruce (como principalmente
o momento em que bruce começa a ficar perturbado em frente à TV e tem o dialogo
entre as duas psiques, um dos melhores momentos da HQ, mas perde muito da
dramaticidade na transposição).
Mas a ordem dos
acontecimentos é exatamente a mesma da HQ. Só tendo acréscimos nas cenas de
lutas, o que pode parecer bom, no entanto, na HQ, Batman era preciso nos golpes,
enquanto na animação, aquele tanto de tiros que parecem que estavam errando
propositalmente tira um pouco deste aspecto preciso do Batman. No entanto
certos confrontos, como contra o Lider Mutante, contra o Superman ou mesmo
contra o Bruno (ou “a” Bruno), não só foram bem vindos como ficaram muito bom.
A animação em si ficou
boa, traços limpos, aspecto do qual só deu falta mesmo se tratando de Gotham,
que podia ser mais gótica, no entanto o visual dos personagens ficaram idênticos,
a violência, o visual punk entre outros, foram mantidos. A animação lembra um
pouco animações dos anos 80, pela simplicidade dos planos de fundo.
A animação é boa, mas
ainda é só uma sombra do material original que, inclusive, está no que se pode
referir como “as HQs que são a Bíblia do Batman”, e com tamanha importância ao
mercado de quadrinhos mundial assim como Watchmen de Alan Moore.
Não posso deixar de
citar também, uma outra obra que fez muita referência a obra de Frank Miller,
Batman Cavaleiro das Trevas Ressurge. Desde os 8 anos que Bruce ficou fora da
ativa como o aprofundamento do que leva Bruce a ser o Batman. E também
frases retiradas diretamente da HQ de Frank Miller: “Garoto, prepare-se pois
você vai ver um espetáculo esta noite”, que inclusive esteve na animação, mas
devo acrescentar que o filme conseguiu colocar em um contexto não igual, mas
sim semelhante, que pôde causar muito mais impacto do que a animação.
Impacto que relembra a sensação causada na HQ. Isso me leva a refletir sobre o
que Alan Moore dizia: “Ainda que o filme
resultante fosse bom, ele deixaria muito a desejar ao original e, se não
for para apresentar nada de novo, se não for para contribuir de alguma forma e,
pior, se o resultado for denegrir a obra original, então para que fazê-lo?
Apenas pelo dinheiro? Ora, há muitas formas de ganhar dinheiro, certo? Então um
filme deveria trazer algo mais a uma mitologia já estabelecida, ele deveria
jogar no mesmo time e ser um contribuidor, como foi o caso dos filmes de Nolan,
o Superman de Donner, os X-Men de Synger ou o Homem de Ferro de Favreau. Em todos
esses casos, há uma enorme contribuição para os personagens como um todo, e não
uma mera transposição para as telas, visando cifrões.”
escrito por Felipe Utsch